Companhia da Ilha do Príncipe (Portugal/São Tomé e Príncipe), 1894-1975: Desenvolvimento de um Projeto Agrícola e Gestão do Grupo CUF

Abstract

Nascida em Lisboa como Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, a Companhia da Ilha do Príncipe deteve como objetivo principal a exploração, em São Tomé e Príncipe – território insular no Atlântico Equatorial, nas proximidades da costa africana, sob a administração portuguesa –, de uma agricultura intensiva assente, essencialmente, no cacau, com o início da sua atividade a ocorrer em 1894. Foram várias as personalidades no mundo empresarial português que tomaram ações ou tiveram envolvidas na sua administração, com particular destaque para os sucessores do industrial Alfredo da Silva – fundador do grupo CUF –, que se encontravam à frente da empresa já na década de 1950, permanecendo até ao ano do seu encerramento, em 1975. Para além da identificação dos fundadores, acionistas, principais gestores e administradores, pretende-se, com o presente artigo, efetuar um exercício de história empresarial a partir das fontes consultadas – com particular destaque para os Relatórios e Contas anuais –, que passe, de igual modo, pela compreensão dos meandros de uma produção agrícola de caráter intensivo, da mão de obra empregue, dos espaços e equipamentos industriais utilizados e das limitações e linhas de força da gestão e administração das roças pertencentes à referida Companhia.

Born in Lisbon as a Limited Liability Corporation, the “Companhia da Ilha do Príncipe”, located in São Tomé and Príncipe (a former Portuguese colony), had as its main objective the intensive agriculture exploitation, namely of cocoa, from 1894 and onwards. Several Portuguese businessmen were involved in its administration, with special emphasis of the successors of industrialist Alfredo da Silva – founder of the CUF group – who were already leading the Corporation in the 1950s and continued until its closure in 1975. Aside from identifying the founders, shareholders, leading managers and administrators, this article intends to provide an interpretation exercise in business history, analyzing many sources – particularly the company's annual reports – to understand the intricacies of an intensive agricultural production in a colonial context. Many other issues will be discussed, such as the workforce employed, the industrial spaces, the equipment used, and also the limitations and main guidelines in what concerns the management system of the corporation’s farms.